Blog para contos de ficção científica, literatura fantástica e terror
Hypólito entrou em seu quarto vazio, fechou a porta e a trancou com chave. Quando girou nos calcanhares, deu de cara com um homem que devia ter uns quarenta e cinco anos de idade, olhos azuis, olhar austero e barba grossa e curta. Ele portava um terno azul-marinho com gravata azul-petróleo. O jovem, ao vê-lo, não se assustou, mas, pelo contrário; pelo olhar inexpressivo que este dirigia à aquele, parecia até que esperava tal visita misteriosa.
– E a princesa? – perguntou o homem, sem dizer qualquer saudação como preâmbulo.
– Ela já se foi. – disse ele secamente, atirando as chaves do barco sobre a escrivaninha.
– Isso eu já notei, garoto, eu quero saber se você já conseguiu descobrir qual o deus que a protege?
– Claro! Ela disse que era filha de Minerva! – zombou o garoto.
– Estou falando sério, rapaz – disse o homem, exasperado.
– É claro que ainda não consegui descobrir, papai – disse o rapaz, também exasperado, esfregando os olhos com a mão e sentando-se na beirada da cama –, mas estou trabalhando para isso – acrescentou ele.
– Pois então trate de descobrir logo, rapaz! – disse o pai de Hypólito, bastante furioso, lançando-lhe um olhar que chamusca. – Ela pode ter sido trazida aqui por interferência divina, para impedir meus planos – acrescentou ele, olhando o mar pela janela. O mar, outrora calmo, agora respondia sua fúria com ondas bravias.
– Eu estou investigando, ouça: hoje demos alguns passeios por South. – começou o rapaz a dizer rapidamente cada pormenor do dia, como sempre fazia em cada visitação do pai. Talvez assim ele pudesse se livrar logo da presença desagradável do pai, ele acreditava. – Fomos à Universidade Aberta de South; eu a trouxe ao meu quarto; convenci-a a almoçar comigo e tomar vinho; ela brincou com o Astro; eu a levei para ver o pôr-do-sol e o memorial da nação. Enfim, eu concluí que ela não pode ser protegida de Minerva, nem de Dionísio, ou de Diana, ou de Phebo Apolo, ou de Marte. Todavia, eu ainda vou procurar saber se ela é protegida de Plutão, ou de Merc…
– Poupe seus esforços quanto a isso, garoto. – disse o homem, como que petrificado, ouvindo-o narrar os fatos e olhando o mar enfurecer – Eu falei com meus irmãos e, nem Hades, nem Hermes têm interesse em proteger uma mortal, ainda que seja uma princesa. Mas há outros deuses dos quais podem ter interesse não só nela, mas em South também.
– Em South? Um país anarquista? Duvido – disse o garoto, categoricamente, se jogando esparramadamente sobre a cama.
– Não duvide disso, meu filho, Não duvide – disse o deus, sombriamente, ainda mirando petrificado para a linha do horizonte. – E a garota? O que ela foi fazer?
– Ela foi para casa descansar. Ela tinha mencionado que precisava ver a Juliern e, já no barco, ela disse que precisava mandar alguns e-mails para a família e amigos no continente e que devia… – interrompeu-se ele, calando-se de repente. Então se pôs de pé com tal rapidez que tirou Posídon do seu estado petrificado. – É claro! Só pode ser isso.
– Isso o quê, garoto? – chamou Posídon.
– Acho que a princesa é protegida da deusa da internet – disse ele, compreendendo algo que o deus do mar ignorava.
– Por que você acha isso? – a divindade grega perguntou pressurosa.
– É só o palpite, mas a atitude dela deixava traspassar uma ansiedade muito grande em escrever este e-mail; ela recusou-se ficar aqui, para jantar comigo. Ela disse que tinha assuntos muito urgentes para tratar e, que depois disso, ela voltaria para ficar comigo quanto tempo eu quisesse. Além disso, pensei ter visto uma moça de olhar divino, na sala de controle digital da Colônia Três, na Universidade. Acho que ela não só é protegida da deusa; ela também já deve ter tido algum contato com ela. Mas, como eu disse anteriormente, isto não passa de um palpite. Todavia, a deusa da internet não é páreo para um dos deuses do panteão, não é? Afinal, que poder ela… – ia dizendo ele, mas se calou ao ver que voltara a estar sozinho no quarto. Resignado, voltou a desmontar-se deitado sobre a cama, agora com um dos braços apoiado sobre os olhos e o outro acariciando o abdômen definido, deixando à mostra parte do cós da cueca branca.
***
Ludmilla entrou em seu quarto e fechou a porta com chave, mais por hábito que por qualquer outro motivo, pois sabia que South era perfeitamente segura. Mais que depressa, ela foi para o banho, despiu-se, ligou o chuveiro e deixou a água morna escorrer, por alguns instantes, pelo seu corpo de mulher, antes de tomar qualquer atitude.
Ludmilla sabia que tinha adorado o passeio com o misterioso rapaz, mas tentava digerir todas as emoções que sentira, para não ser induzida ao triste erro de se iludir com seus sentimentos. Rapidamente, ela terminou seu banho quente (para economizar água), se enrolou na roupa de banho e saiu supercontente. Banhos quentes e relaxantes sempre tiveram este efeito na garota. Na mala, ainda não desfeita, ela tirou uma camiseta branca de banda de rock bem larga e um short curto de jeans. No seu país, ela, como princesa, jamais teria a coragem ou a ousadia de usar trajes tão libertários, mas em South, que era deveras quente comparado com sua terra natal, não havia problema algum. E Ludmilla já se sentia parte carbonária. Ela, agora, era livre para desfrutar de sua nova liberdade.
A princesa apanhou um potinho de sorvete na geladeira, empuleirou-se no sofá e dirigiu sua atenção à mesa touch screen (um computador com enorme tela na horizontal) que havia diante de si. Entrou no seu provedor de e-mail e requisitou o envio eletrônico de mensagens. Ela conferiu com o olhar se continuava sozinha no quarto e, tendo confirmado, começou a escrever.
“Aos Membros do Conselho de Segurança das Nações Unidas”.
“Respeitosas Saudações,”
Porém, a partir daí, ela não sabia o que escrever. Conferiu denovo se continuava sozinha. Sua esperança era que a deusa da internet se manifestasse novamente e a ajudasse a escrever algo. Tola esperança. Só para ter o que fazer enquanto esperava a divina visitação, ela desempuleirou do sofá, foi até a geladeira, trocou o sorvete por um suco de uva embalado na caixinha e voltou ao sofá. Enfim, convencida da sua solidão e resignada por isso, ela voltou ao seu trabalho. Ao que se passara pouco mais que trinta minutos, todo o texto estava pronto. Agora Ludmilla olhava o texto, inclinando ligeiramente a cabeça para melhor prestar atenção às regras de formalidade, tão exigidas fora das águas internacionais de South. Observando que não faltava nada, ela finalmente enviou o texto para os dignatários das nações da Terra. “Oh! Não” pensou ela, “esqueci de escrever em inglês!” Rapidamente, Ludmilla acudiu o erro que acabara de cometer. Em outra meia hora, um novo texto foi enviado à Assembleia das Nações Unidas – dessa vez, em inglês.
***
Posídon estava agora, há vários metros, nas profundezas do mar, no meio do Oceano Atlântico. Há alguns metros à frente, na escuridão, seus olhos divisaram outro ser fantástico; de pronto, ele reconheceu as feições e os traços da deusa da internet. Ela guardava diversos cabos de fibra ótica que ligava o seastead ao continente sul americano e todo o sistema de servidores de internet. Posídon percebeu que também tinha sido notado e, agora, ele era observado por aquela dama obstinada e destemida que guardava o longo e comprido cabo marinho de fibra ótica.
– Algum problema, Posídon? – perguntou a deusa.
– Sim, cara dama – começou ele. – Eu sei que a princesa Ludmilla é sua protegida e que, você já se comunicou com ela. Saiba que sua intenção de salvar South, não funcionará e, quem te garante isso, sou eu.
A deusa pareceu estremecer um pouco diante da ameaça, mas não sua expressão era de completo desdém ao responder:
– Isso é o que veremos. Eu estou aqui para garantir o sucesso da missão de Ludmilla.
Posídon, percebendo que ela falava do contato com o continente, pela internet, que poderia significar o fim do terrível plano, avançou, num passo divino, para o cabo de fibra ótica que a deusa guardava. Porém, assim que a deidade grega lançou o braço para romper a fibra ótica, foi impedido pela deusa, que segurando seu braço vociferou:
– Se você ousar profanar meu cabeamento, você terá de se ver comigo em toda a minha fúria. Saiba que você ainda não me conhece totalmente, Posídon.
Ao observar o olhar feroz e a voz ácida da colega divina, Posídon abandonou o gesto atroz e retrocedeu. Ambos, agora, se encaravam, no fundo do insondável e escuro oceano se estudando e se enfrentando com carrancas e olhares terríveis. Tal divino duelo de olhares durou por volta de uma hora, até que Posídon, num esgar de alegria maligna desapareceu do fundo do oceano.
***
Ludmilla ainda sentia fome e pensou em preparar seu próprio jantar (afinal, mesmo sendo princesa, ela se obrigava a saber como cozinhar). Contudo, ela lembrou-se do convite de jantar, que recebera de Stéphany, a ganhadora do prêmio Nobel de Química do ano anterior. Ela prometera, assim que chegasse à South, que jantaria no dia seguinte com a senhora Stéphany, mulher que a princesa muito admirava. O jantar seria às 21h e, se o relógio da moça estava correto, faltava apenas quinze minutos. “Estou atrasada!”, pensou ela.
A princesa, já vestida da melhor maneira que pode (mas de maneira bem simples, nada de joias ou vestimentas caras), estacou na frente da porta do prédio de Stéphany Murdon (que era defronte ao seu) e bateu. Uma senhora (morena, baixinha, corpulenta, de cabelos curtíssimos e um sorriso amável), veio atender. Quando as duas se viram, logo se abraçaram afetuosamente:
– Ludmilla, que alegria te ter em minha casa! – exclamou a senhora.
– Estou bastante contente, também, senhora Murdon. – disse a garota.
– Por favor, sem senhora – disse ela, enfática. – Vamos, entre! Estamos apenas te esperando.
De fato, os convivas (a representante Juliern e seu marido, além de um senhor e uma garotinha de nove anos, no máximo) a aguardavam para o jantar.
– Eu te apresento meu esposo, Karl, e minha garotinha, Daiera. Ela nasceu em South, uma das primeiras nativas desta promissora nação, pérola do Atlântico.
– É um prazer conhecer todos vocês – disse a princesa, cumprimentando o homem e dando um singelo beijo na garotinha estrábica que a observava curiosa.
***
Hypólito, após ficar, o que lhe pareceu horas, deitado na cama, na mesma imóvel posição, decidiu levantar-se e tomar uma ducha quente. Estivera pensando, por quase de uma hora, em Ludmilla e em seus diversos atributos, tanto físicos (pois era uma garota formosa e extremamente bela) quanto intelectuais (Ludmilla falava várias línguas, era inteligente, esperta, forte decidida, responsável, gentil, etc.). Após um bom tempo no banho, Hypólito saiu do banheiro (que agora fumegava com o vapor d’água quente do chuveiro) e foi buscar seu barbeador. Ao contrário do seu pai, nunca gostaria de pêlo algum em seu rosto.
Após o barbear, Hypólito usou sua loção pós-barba preferida e, em seguida, foi vestir roupa. Hypólito, ainda absorto pensava naquela garota interessante que, para ele, ainda estava lá, nas suas memórias rememoradas várias e várias vezes. Seu tom de voz, seu perfume, seu sorriso gentil e gracioso, todas aquelas lembranças povoavam sua mente. Enquanto vestia uma camisa polo, foi detido no gesto pelo barulho de alguém atrás de si. Ao virar-se, ainda vestindo a camisa, deparou-se com a deusa da internet.
– Olá Hypólito, precisamos muito conversar – disse ela sorrindo um sorriso ofuscante e alegre.
***
Era noite. Há milhares quilômetros de South, um homem contemplava todas as dezenas de milhares de pontinhos de luz de certa cidade, pelo vidro de uma espaçosa cobertura de um alto prédio, de onde ele tinha a visão de tudo por quilômetros, até o horizonte, já completamente tomado pela escuridão. Este homem, sem barba, de cabelos grisalhos e bem penteados, aparentava ter uns cinquenta anos e estava vestido de terno preto. Em suas mãos, uísque e gelo; em seus lábios, um sorriso inteligente. Parecia sentir prazer em ver, do alto, que tudo corria conforme planejara.
A luminosidade da sala já havia sido cuidadosamente diminuída por comando de voz. A única fonte de luz consistia numa luminária no teto perto da vidraça e, a fraca luz do luar, lá fora. E, tal efeito luminoso dava a impressão de derramar uma luz azul mágica pela sala, filtrada pelo insul film da vidraça. Ao fundo, ouvia-se um som suave de um concerto para piano. O homem, que estava sozinho no escritório, parecia aguardar alguém.
De repente, por entre a penumbra do outro lado do salão, outra figura humana surgiu sem aviso, por detrás das sombras. Este chegara sem fazer barulho algum – mesmo com as portas devidamente trancadas pelo lado de dentro – e não dissera palavra alguma. Ele parecia escutar distraidamente o crescendo do recital, que se desdobrava num maravilhoso dedilhar instrumental das teclas do piano.
– Finalmente, Posídon, tu chegastes. – disse o homem da vidraça desfazendo a mudez da sala com voz suave e olhando o visitante através do vidro espelhado.
– Sim, eu ouvi o seu chamado. Bastante inteligente e sutil. – respondeu a deidade grega, olhando para o aparelho de MP3 player sobre a estante, que agora, tocava uma harmonia mais calma e baixa.
– Com certeza, tu já sabes o honroso motivo de tê-lo chamado aqui – disse o homem ainda observando Posidon pelo vidro, com suavidade. – Uísque? – ofecereu o homem.
– Sim, eu sei! – respondeu Posídon. – E não, obrigado. Não bebo.
– Bem, a princesa Ludmilla acabou de mandar um e-mail para o Conselho de Segurança das Nações Unidas, e agora o Secretário Geral convocou uma reunião dos Membros do Conselho de Segurança, para discutir a questão de South. – disse o homem, desdenhado da onisciência de Posídon. – Esta garota está se tornando um grande problema, Posídon! Como ela conseguiu enganar o deus do mar, o Sacudidor de Terra?
– A princesa tem proteção dos deuses. – disse a deidade grega, em tom taciturno e definitivo.
– Proteção divina? De quem? – perguntou o homem, fitando o vazio, através do vidro.
– Da deusa da internet – disse Posídon.
Percebendo que não teria mais graça agir de forma tão descaradamente cínica, o homem, que encarava a metrópole aos seus pés, foi direto ao assunto:
– Bem, aquele país não pode continuar existindo amanhã, de manhã, ou os meus planos podem sofrer graves entraves com investigações de organizações internacionais governamentais, como a ONU. Será melhor, para o mundo que vejamos – em profunda consternação –, um violento furacão, ou maremoto, destruir o pequeno país. Acredito que será melhro do que observarmos, revoltados, o cerco e a destruição da pacífica e desarmada South… Você sabe o que fazer Posídon. Pois então, faça hoje, um dia antes!
– Mas e os humanos que habitam o país? – retorquiu Posídon. – Eles não merecem ser pelo menos avisados para fugirem? E a princesa? Ela não é anarquista; é uma soberana… E os deuses gregos sempre tiveram suas preferências nos soberanos, e…
– Eu não quero saber quem os deuses amam ou deixam de amar. – disse o homem enérgico, voltando os olhos para Posídon e fitando-o. – Não quero saber nem do seu filho, que habita aquele horrendo seastead. Se quiser salvar o garoto, que o salve! E a princesa não me interessa nem um pouco! Por mim, que ela vá para o fundo do Atlântico junto com aquela corja de anarquistas. Mas, se ela te interessa tanto assim, salve-a também! Ou se vingue do deus que a protege, deixando-a perecer! Mas faça parecer acidente… Enfim, faça o que quiser, mas South não deve mais existir até o nascer do Sol.
– Mas eu dei minha palavra de lhes poupar até sexta-feira – retorquiu a deidade grega.
– Saiba que os políticos vivem mentindo para seus povos – disse o homem, voltando a mirar a cidade lá embaixo – Não há problema em faltar com a palavra uma vez que seja. Além do mais, qual a diferença que vinte e quatro horas vai fazer no destino de South, se a intenção não é a redenção, mas a destruição desta nação e de seu estilo de vida repugnante!? Sabe, Posidon, este seastead, South, não passa de uma cidade-estado, mascarada com um leve verniz anarquista. Eles acreditam no princípio da liberdade no coletivo, numa sociedade auto gerida, etc, etc. No entanto, para mim, isso não passa de uma grande bobagem. Eles vivem bem e em paz porque não há pobres, nem criminosos – ainda –, vivendo em seus territórios, mas se houvessem, certamente desabaria toda esta baboseira anarquista sobre suas cabeças… É realmente uma pena que não tenhamos tempo a perder e esperar isso acontecer – disse o homem, se servindo de mais uísque.
– Bem – começou Posídon a fazer uma exposição sobre o que observava e pensava sobre South – esta sociedade ultramarina tem se esforçado bastante na tentativa de construir esta nação anarquista. É evidente que, mesmo não tendo formado uma sociedade perfeitamente anarquista, eles têm avançado bastante em…
– Desculpe-me – disse o homem, cheio de arrogância, voltando sua atenção para a métropole, lá fora. – mas acho que sua opinião não é importante, portanto me poupe deste discurso!
Naquele canto escuro da sala, fagulhas de ira,nos olhos do deus grego começaram a estalar. Porém, ele, por um bom tempo, nada disse ou fez. O homem misterioso, ignorando a fúria divina às suas costas, bebeu mais um gole de sua bebida, contemplando a cidade lá embaixo pela janela escura. Em seguida girou os calcanhares, encarando Posídon, com ar insolente e disse:
– Você ainda está aqui?
– Tomara – ameaçou o deus, sombriamente. – para o seu bem e de seus descendentes, que ninguém do seu sangue jamais se aproxime do mar ou use-o como meio de locomoção.
– Não se preocupe! O clima litorâneo jamais fez bem aos meus pulmões! – disse o homem, bebendo, de uma vez, todo o conteúdo do seu copo.
Mal terminara de engolir a bebida e Posídon já tinha desaparecido, tão rápido quanto chegara. Uma chuva fina caía agora sobre a cidade. O homem misterioso serviu-se de mais uma saudável dose de uísque e gelo, e voltou sua atenção para os pingos de chuva que chapinhavam sua vidraça escura.
Imagem ilustrativa enviada pelo autor do conto e retirada do site: http://www.seasteading.org/