Blog para contos de ficção científica, literatura fantástica e terror
Deitado naquela maca, ou seja lá o que fosse, Roberto Mota ou Bob, como seus familiares e amigos o chamavam, tentava se lembrar em como chegou até ali.
Seu avô sempre lhe disse que os homens devem pagar por seus pecados. O dele foi a luxuria.
No primeiro momento em que a viu, Bob conteve a respiração. Pensando bem, Eva não era linda, era bonita; não era deliciosa, tinha um corpo bonito; inteligente ela era, conversava sobre qualquer coisa. Magra, alta, com belas pernas, mas os amigos dele disseram que não era nada demais. Algo em sua presença fazia com que ele a desejasse ardentemente. Talvez fossem os cabelos presos em um rabo de cavalo mostrando os pequenos cabelos arrepiados. Quem sabe seria o seu andar, ou até mesmo o jeito dela sorrir. Bob estranhamente não conseguia tirar os olhos daquela figura.
Estaria enfeitiçado?
Chegou junto da moça e começou a conversar, no princípio ela não deu muita atenção, mas em pouco minutos ela já não queria que ele saísse de perto, monopolizava sua atenção. A noite prometia pensou.
Não era o tipo de cara que ficava em cima, não dando espaço às namoradas, ao contrário. Ele tentou se afastar um pouco e ficar com seus amigos, mas Eva veio chamá-lo para conversar e namorar. Na frente do bar e encostado em seu carro, Bob começou a beijá-la, mordiscar seu pescoço, acariciar seu corpo, abraçando-a, mesmo ali na rua, à frente do bar, ele já a imaginava em lençóis de seda claros, seus cabelos a enfeitar os travesseiros.
Dançou com Eva em plena rua ao som alto da musica do bar, enquanto acariciava seu corpo e soltava seus cabelos. Estava enlouquecido, desejava a moça e era por ela, desejado.
Continuaram juntos até de madrugada quando se ofereceu para levá-la em casa. Dirigiu por mais tempo que pretendia e chegou a uma casa nos arredores da cidade, era grande, com uma enorme área aberta. Entrou na casa e ainda na sala as caricias recomeçaram, beijos, desejo. Tiraram as roupas, sentia-se tonto, letárgico, sentia o hálito da moça, os lábios dela em seu corpo, um momento inebriante.
Luzes se acenderam repentinamente, os olhos de Bob doíam tamanha a claridade, tentava colocar as mãos nos olhos para se proteger, deu-se conta que não conseguia se mover direito, seus braços e pernas não queriam obedecer, estava ficando paralisado, parecia ter mais pessoas na sala, mãos ásperas começaram a tocá-lo, a agarrá-lo.
As luzes brancas e azuis já não incomodavam, apenas o medo. Eva e mais quatro pessoas, entraram no cômodo olhando-o, ele entendia parcialmente o que falavam enquanto suas pálpebras teimavam em fechar, escutou a voz de uma mulher dizer que ainda bem que Eva havia chegado com a comida. Percebeu seu corpo sendo cortado e no último momento de sua vida, Bob, em desespero, tentou soltar um grito que morreu em sua garganta.
Fim
Acho que não era Eva, era Lilith.