Blog para contos de ficção científica, literatura fantástica e terror
O sol estava alto, o dia quente e sem uma nuvem no céu azul. – Céu de brigadeiro disse Roberto Santana, bem baixinho para ele mesmo em meio a um sorriso que parecia pintado em seu rosto. Ou seria esculpido? Não importa, o que interessa é que naquele instante estava feliz.
A praia em frente ao hotel era mansa, os arrecifes retirados a mais ou menos 200 metros davam uma aparência de mansidão ao lugar, mesmo com o choque das ondas neles causando um barulho grande. Engraçado como determinados sons, apesar de altos, não incomodam, ao contrário, aliviam. O barulho da eterna disputa do mar com os arrecifes era um deles. Eram dez horas da manhã, do seu primeiro dia de férias.
A praia em frente ao hotel estava cheia, muitas famílias, casais jovens com crianças pequenas, alguns claramente em lua-de-mel, agarrões, chupões, coisas de jovens. Roberto olhou para sua mulher, Laura estava com vinte e dois anos, “com tudo em cima” como falou seu irmão e padrinho no dia do casamento. Ontem, o casamento foi ontem, pensou.
Ao lado deles na praia, em outro guarda-sol, estava um casal de espanhóis com duas crianças que gritavam quando as marolas chegavam onde estavam sentados. O homem estava com uma bermuda vermelha que ia até os joelhos e tinha um físico de malhador, já a mulher estava de biquíni, deitada na areia de bruços sem se importar com a algazarra das crianças. Mulherão.
Mais atrás, bem perto da pequena cerca que separava a areia da praia das cadeiras de sol do hotel, dois homens sentados em cadeiras, dividiam a leitura de um jornal do dia, embaixo de um guarda-sol.
Sem perceber, Roberto passou a prestar atenção na conversa deles, ver se captava algum comentário malicioso sobre as belas mulheres que estavam ali perto, e não eram poucas. Nenhum comentário a respeito, talvez já tivessem feito essa explanação. Interessante como conversavam sobre bolsa de valores, investimentos, aplicações. Em dado instante o papo beirava a discussão e então voltavam a falar amigavelmente sobre negócios.
O zum-zum-zum de muitas conversas ao mesmo tempo, o movimento dos banhistas, fez com que sua atenção voltasse para a festa do dia anterior.
Laura levantou da cadeira onde estava sentada e caminhou até a barraca próxima dali para comprar dois sorvetes. Seu andar misturado ao pequeno biquíni o fazia suspirar. Ficou pensando em uma palavra para descrevê-la, foi rápido: deliciosa. Ela voltou sorrindo como se adivinhasse os pensamentos do marido e deu um beijo molhado em Roberto que finalmente se sentou ao lado dela, bem colado. Bendito guarda-sol.
Um grupo de jovens, devia ter uns oito ou dez deles e faziam uma algazarra própria da juventude, estavam na água tomando cerveja jogando água para todos os lados, inclusive em um casal de meia idade que passava perto deles em um caiaque, fotografando a praia e dando “tchauzinho” a dois meninos que pareciam ter de doze a quatorze anos, muito parecidos sendo que um, provavelmente o mais velho, pouco maior. Eles retribuíam mandando beijos para o casal.
A espanhola virou-se para Laura e fez um comentário sobre o biquíni das moças do grupo de jovens, ela estava surpresa com a coragem delas de usar biquínis tão pequenos. – O nome é tanga – disse Laura – porque não compra um para você? – completou.
– Será que fica bem em mim – ela perguntou.
– Claro que fica, disse Laura.
Roberto ficou olhando a mulher, cabelos negros até a cintura. Sem dúvidas vai ficar muito bem em você, pensou, a “gringa” era um mulherão.
Roberto ficou abraçado à Laura enquanto conversavam sobre a festa de seu casamento, e enquanto falava os olhos da garota brilhavam de alegria. Ele era seis anos mais velho e estava disposto a fazer o que ela quisesse. Lembrou de quando a conheceu, no shopping, ela estava sensacional, de sandálias baixas, queimada de sol e um lindo vestido branco, apertado, curto na metade das coxas. Fantástica. Olhou de novo para ela e falou para ele mesmo, – Roberto, você é um filho da mãe de sorte.
Levantou para pegar água quando um enorme estrondo, parecendo uma explosão, o jogou de joelhos na areia da praia. As pessoas que estavam ali olhavam para todos os lados esperando ver do que se tratava.
Os jovens do grupo, assustados, começaram a apontar para cima. Roberto imediatamente lembrou-se de uma reportagem, uma semana atrás mais ou menos, onde a âncora da reportagem do canal avisava da passagem de um asteróide, mas o astrofísico que ela entrevistava ao vivo minimizou o risco existente.
Uma nuvem grossa começou a atravessar lentamente o céu em um ângulo de sessenta graus, dirigindo-se para o oceano. Lembrava a passagem de um avião a jato no céu deixando a trilha do vôo, só que maior… muito maior.
A inquietação tomou conta de todos. Laura pegou o telefone e tentou falar com a mãe. Não conseguiu.
– Meu Deus o que é aquilo – falou um dos homens que estavam sentados.
– Não sei, parece que alguma coisa muito grande está caindo do céu – disse o outro.
Notava-se claramente o medo em suas vozes. Notava-se o medo em todos, em seus movimentos encolhidos, em seus clamores por DEUS. Agonia, se transformando em medo, se transformando em pavor. Em um breve instante, que pareceu crescer, se alargar, agigantar-se, eles se olharam e souberam.
A visão era estarrecedora demais. Todos olhando como em um filme real enquanto o objeto descrevia sua trajetória rumo ao mar.
Uma explosão espantosa aconteceu. Um enorme cogumelo se elevou aos céus. Inicialmente alaranjado e depois vermelho acinzentado apareceu no horizonte ligando como que por mágica a terra e o firmamento.
– Foi um asteróide? – perguntou o homem saindo do caiaque, enquanto sua mulher abria caminho entre as pessoas na praia até chegar aos dois garotos que estavam em pé, apavorados.
– Não sei, acho melhor entrarmos para o hotel, disse Roberto, já abraçando Laura que tremia.
O primeiro sinal foi o deslocamento de ar, muito forte carregando diversos pássaros infelizes e que levou todas as barracas e guarda-sóis, da areia em direção ao hotel. Roberto olhou em direção à edificação e viu alguns vidros serem estilhaçados pelos objetos arremessados ao seu encontro.
Então uma onda de calor muito forte, queimando, arrasando tudo passou por eles. Gritos de dor e medo das pessoas que estavam na praia se misturaram ao horror de ver o mar desaparecendo, recuando, sendo sugado por uma força descomunal, deixando um enorme vazio.
Por um momento todos se olham e começam a correr em direção ao hotel, dezenas de pessoas. Os espanhóis pegaram as crianças e tentaram correr, subir o pequeno deque que levava ao hotel, logo atrás dezenas de pessoas corriam. Roberto corria arrastando Laura pelo braço e viu de relance os dois homens em pé, de mãos dadas, olhando boquiabertos em direção ao mar.
Roberto parou quando Laura caiu, pessoas correndo, gritando, tropeçando, caindo em uma cena inimaginável, balburdia, berros, pavor.
Ajudou Laura a se levantar, olhou em direção ao mar e viu a onda gigantesca vindo, chegando, aproximando-se em uma velocidade fantástica na direção da costa. Olhou no rosto da moça e a abraçou o mais forte que podia. Correr pra que?
Um conto de Swylmar S. Ferreira
faz resenha para mim
me da uma tese desse texto
Oi Mateus
Não entendi o que quis dizer com tese do conto. Se explicar melhor talvez possa ajudar.
Obrigado, você me ajudou em um trabalho de Português que eu tinha que fazer, maravilhoso conto fantastico…
Cara, eu gostaria de ler melhor seu conto, mas a imagem de fundo está atrapalhando um pouco, acho que era melhor usar uma cor sólida amigo. Vou copiar pro bloco de notas pra ler. Hun, adorei o conto.
Oi Jefferson, muito obrigado por comentar o conto. Mudei o fundo da página.
Se você quiser contribuir com algum conto, fique a vontade.
Ficou responsa agora, assim que puder eu contribuo
Valeu, fico no aguardo.