Fantasticontos, escritos e literários

Blog para contos de ficção científica, literatura fantástica e terror

Caçador noturno


O barulho do celular despertando desta vez realmente me assustou. “Merda, cara! Hoje é domingo”, falo chateado comigo mesmo.

Pulo da cama e vou para o banheiro. Saio alguns minutos depois de banho tomado, ainda de toalha passo pela pequena sala e em menos de cinco passos chego à micro cozinha e abro a geladeira do meu apartamento. Nada me apeteceu. Me arrumo rápido e desço para ver o movimento da rua, passo pela portaria e o zelador me olha por cima dos óculos e abre um sorriso forçado em uma forma de cumprimento. Eu respondo.

– Fala Mundinho… Beleza? Cumé que tão as coisas?

O homem ainda sorrindo forçado, apenas levanta a mão direita e mostra o polegar para cima em sinal de positivo.

Pessoas passam por mim, me olham e não me notam, como é habitual nas cidades grandes. Adoro isso.

Decido ir tomar o meu café da manhã na padaria do Oscar, a duas quadras de casa. Vou andando e observando as pessoas, ainda meio aéreo devido às poucas horas dormidas nas noites anteriores.

– Bom dia, Marcinho! Tá indo aonde menino? Vamos lá em casa tomar café?

Surpresa. Minha tia Julia, irmã de minha mãe, pega no meu braço, quase me causando um enfarto, e me faz parar para um pequeno bate papo matinal. Dou-lhe um beijo no rosto.

– Oi tia. Vou na padaria, marquei com uma amiga lá e vou tomar café com ela. Fica pra próxima.

Dou-lhe mais um abraço e me vou.  Tenho que chegar à padaria em no máximo cinco minutos, senão perco a oportunidade de ver a minha amiga. O lugar é relativamente grande, equivale a quatro ou cinco apartamentos que moro atualmente, e em uma parte o dono colocou seis pequenas mesas onde solteiros como eu, ou mesmo casais, vão tomar seu café da manhã. Pego um suco de laranja, salada de frutas, um sanduichinho e começo calmamente a comer, até que minha amiga chegue.

Ela entra na padaria quando eu estava prestes a desistir, não a olho, não diretamente para não dar na pinta. Ela está linda hoje, domingo, dia de praia. Ela chega bem perto de mim, loira, magra, um metro e setenta, talvez um pouco menos. Já está vestida para ir para a praia. Fico excitado ao reparar brevemente suas pernas bem torneadas e em seus pés. Noto a aliança em sua mão direita e sinto um fogo me subir pelas entranhas. Bebo dois goles do suco para disfarçar.

“Será que alguém me olhou? Não. Estou incólume.” Penso quase esboçando um sorriso.

Termino rápido o café e vou para a fila onde minha amiga está, pego um bolo de fubá e fico quieto. Tem quatro pessoas na fila, contando com a minha amiga. Fico logo atrás dela. Ela se vira repentinamente, eu percebo que me olha, direto no rosto, um olhar bem ligeiro. Eu finjo não notar e ela rápida como um raio desvia o olhar para outro ponto na padaria e se volta para frente. Percebo que ela procura meu olhar no espelho da parede em frente ao caixa, mas estou concentrado em outra coisa. O disfarce é essencial ao caçador.

O homem que estava na frente da minha amiga sai da fila do caixa e para na pequena prateleira onde estão os principais jornais da cidade. “Coisa antiga”, penso quase rindo.

Ele retira um exemplar e como todo o ser humano normal lê as principais notícias da primeira página. Comenta com a mulher que trabalha na caixa na padaria.

– Você viu, Salete? O corpo que acharam ontem naquele terreno baldio que faz esquina com a escola?

A mulher fez uma cara de horrorizada.

– Que horror né, Seu Valter. Como alguém pode fazer uma coisa dessas com um ser humano?

– Fim dos tempos, minha filha, fim dos tempos. Respondeu o homem indo embora.

Minha amiga franziu o cenho. Claramente não tinha ouvido falar na descoberta do corpo. Pagou o valor de suas compras e olhou as manchetes do jornal.

Fiquei atônito. Precisava ver o jornal, afinal eu também não tinha visto as notícias do dia anterior e precisava urgente de ler sobre aquela em particular. Comprei um exemplar e fui pegá-lo na prateleira, onde minha amiga estava lendo. Eu retiro um exemplar e me viro para sair da padaria quando, pela primeira vez, ela fala comigo.

– Que horror, não? Tão perto daqui.

Ela sorria, nunca tinha visto dentes tão perfeitos e boca tão sensual em minha vida. Estou apaixonado.

– Oi? Respondo casualmente.

– O corpo achado no terreno baldio duas quadras acima. Diz ela me olhando. Um horror não?

Dou-lhe um pequeno sorriso.

– Sim, creio que sim. Ainda não li as notícias.

Sei que não posso criar intimidade, seria um erro fatal.

-Tchau.

-Tchau. Ela responde e fica me olhando por alguns segundos enquanto me afasto. Certamente uma mulher maravilhosa como ela não está acostumada a ser ignorada ou como é o caso, tratada a distância.

Paro na esquina e espero o sinal de pedestre ficar verde para atravessar a rua. Atravesso e a vejo do outro lado da calçada. Vou acompanhando seu andar sedutor pelas calçadas até vê-la entrar no prédio em frente ao meu.

Procuro o zelador de onde moro para saber quem foi que tirou minha moto da minha vaga de garagem. Não o encontro em lugar algum.

– Desgraçado!

Falo baixo, só para eu escutar. Não posso fazer absolutamente nada sobre isso. Ao menos por hora. Vou em direção ao hall de elevadores. O elevador está na portaria, entro e marco o sétimo andar. Ele sobe direto. Saio, dou alguns passos e já estou na porta do apartamento. Entro e avidamente começo a ler as notícias do jornal.

****

– O sr. já viu isso? Disse o investigador Farias ao delegado Melchior no plantão daquela manhã ensolarada de domingo, mostrando a manchete do jornal.

O delegado Davi Melchior Júnior pega o jornal das mãos do inspetor e olha a primeira página. Em uma das manchetes está a foto de uma pá carregadeira retirando terra e o braço de uma pessoa aparecendo. Continua a ler a not[icia, que fala de um corpo de mulher jovem achado no terreno baldio ao lado de uma das escolas públicas do bairro, que o achado foi por pura sorte, visto a concessionária procurar por um vazamento de água no local. O que mais chamava a atenção no corpo da moça era um corte superficial e largo feito por instrumento cortante na altura do pescoço da vítima. A polícia estava tentando descobrir a identidade e outros detalhes. Terminava informando que o corpo seria levado ao necrotério da cidade para autópsia.

– Que merda! A essa hora da manhã?

O delegado coça a careca com visível irritação.

– Quem foi o f.d.p. que tirou essa foto? Como é que nós não vimos esse cara? Cê sabe que as autoridades agora vão cair matando em cima da gente. Zeca, você e o Maldonado estão encarregados dessa investigação aqui pela DP, não é? São cinco equipes no total na cidade tentando achar esse monstro.

– Sim, doutor. O problema é que levamos muito tempo pra descobrir que as cinco vítimas estavam ligadas ao mesmo cara. O corte nas costas foi o único ponto em comum.

– É, mas agora são um grupo grande de policiais e eu sou o responsável pelo caso. Se vira e descobre quem tá matando essa gente. A propósito e aquele caso do estuprador? Quem tá trabalhando nele?

– O caso do estuprador está com o Sílvio, dr. Melchior. A última moça morreu.

– Já são três, só que sabemos, disse Melchior. Fora as que não deram queixa, temos que pegar esse desgraçado. Fala pro Sílvio vir aqui. É muito azar mesmo. Dois psicopatas na minha área.

Não era preciso o investigador José Carlos Farias “se virar”, ele foi o primeiro a chegar no local quando da descoberta do primeiro corpo e deste último. Primeiro ele pediu para que o descessem ao chão, depois examinou o melhor que pode antes da chegada da perícia. A marca do golpe era evidência clara que o caçador estava de volta depois de dezesseis meses.

– Mais de um ano, disse Farias na sala para os outros três policiais que investigavam o caso. Francisco Maldonado e Luiz Torres estavam sentados nas cadeiras das mesas e Edson Silva estava em pé olhando o quadro com as fotos das cinco mulheres. Vamos rememorar todo o caso.

– Mais de um ano e esse cara resolve se mostrar de novo. Fui ver o corpo e ela parecia ter entre dezessete e vinte anos. A moça, já conseguimos identificar – era Celina Campos – desapareceu há duas semanas e foi enterrada ontem a noite. Nós quase pegamos o cara gente, passamos na frente do local e não vimos nada. Se não fosse a denúncia …

– Colocamos a foto dela nas redes sociais e deu resultado, uma denúncia anônima informou que tinham visto um cara enterrando alguma coisa no terreno baldio de madrugada, pelas três da manhã. Mandamos uma viatura, mas quando chegaram não tinha mais nada.

Torres estava com a papelada nas mãos, levantou-se mecanicamente e continuou a falar de onde Farias tinha parado.

– A denúncia do desaparecimento foi feita pelos pais. Então começamos a movimentar a máquina policial, pois ela se encaixava no perfil: cabelos grandes, magra, bonita, jovem, morando sozinha…

O silêncio reinou por alguns segundos na sala. Edson Silva continuava a olhar para o quadro com as fotos das moças.

– Vejam que estranho, disse. O primeiro corpo que achamos não tinha muitas evidências que se tratava de um provável sociopata ou psicopata, extremamente perigoso. O corpo estava muito deteriorado, tinha sido enterrado a pelo menos seis anos. Após exame da ossada e de DNA vimos que se tratava de uma mulher, até hoje sem identificação.

– O segundo corpo encontrado pertencia a Jane Sellis. Ela era negra, com o mesmo perfil e foi encontrado no parque, graças a um cão de cegos que cavou no local enquanto seu dono estava sentado no banco. Isso foi há três anos. Foi um alvoroço e a imprensa noticiou por várias semanas. O caso ficou famoso, ganhou repercussão nacional quando um repórter que cobria o caso chamou esse psicopata de caçador noturno.

– Outros dois corpos foram encontrados na reforma do edifício Américo. Os trabalhadores descobriram os corpos em lugares diferentes em uma parte da garagem que era fechada indicando que haviam sido enterrados em momentos diferentes. Na época conseguimos identificá-las como Isaura Santos, desaparecida a dois anos e Lourdes Maia, que era policial militar, dada como desaparecida um ano e seis meses antes. Corremos muito atrás na época e não achamos nada.

– Hoje eu me pergunto, Farias, quantas moças desapareceram e ninguém deu falta? Dentro do que nós chamamos de quadrado da morte o homem ou mulher, ainda não sabemos, matou no mínimo cinco pessoas. Ficam aqui as perguntas que não querem se calar. É um bairro de classe média então: 1 – Como conseguiu raptá-las? 2 – Onde as manteve prisioneiras? 3 – Como ninguém reparou ou viu o que estava acontecendo? e 4 – Como ele as enterrou sem que ninguém percebesse?

Farias estava pensativo com o acompanhamento do caso feito pelos seus colegas e principalmente da última pergunta feita pelo Edson. Como era possível enterrar alguém em um bairro tão movimentado como aquele. Mesmo que fosse de madrugada? Era óbvio que seria visto, as chances de insucesso seriam enormes.

– É, ainda temos muitas perguntas a serem respondidas. Em minha opinião, se ele se livrou dessa moça, significa que já está de olho em outra. Temos que impedir que mate de novo, vamos à luta pessoal.

****

– Foi minha última namorada. Falo em voz baixa ainda olhando a manchete. Eu estava satisfeito.

Desde que comecei meu trabalho, é a segunda vez que a polícia descobre minha arte, não que eu tenha tentado dificultar as investigações evitando deixar evidências, mas ao que parece eles têm suas próprias dificuldades. No caso de Celina, nossa separação foi traumática.

Em geral eu e minhas namoradas moramos juntos vários meses e eu sou muito feliz no início, apaixonado, assim como elas. É estranho como a proximidade e o tempo desgastam um grande amor.

No primeiro corpo descoberto, eles nem perceberam o meu trabalho, isso foi há seis anos. Seu nome era Fátima e ela era maravilhosa, ficamos juntos vários meses e foi com uma intensidade, um amor incomparável. Depois de nossa separação eu a deixei no hospital em um leito. Sua família foi chamada e ela foi enterrada. Estive lá, chorei e sofri muito.

– Até hoje me pergunto como ninguém percebeu?

Não estou disposto a deixar que essas lembranças tristes estraguem meu domingo, ainda mais este, para o qual fiz tantos planos, afinal, estou apaixonado outra vez.

Desço e vou para a praia, quase em frente ao prédio onde moro, são menos de quinhentos metros e levo o usual, guarda-sol, óculos escuros, cadeira, toalha, protetor solar. Ainda é cedo e não devo ter problemas para achar um lugar na praia onde eu quero ficar. Acerto minhas coisas de modo que fico de lado para minha amiga, a cerca de dez metros de distância. Pode não parecer muita coisa, mas na praia, dependendo do dia cabe muita gente.

Ela está com um grupo de amigas, duas ou três, que passam perto de mim e me observam. Leio os lábios da morena e a observo. Se não estivesse tão apaixonado. “Não! Não posso ser volúvel”, penso olhando a mulher.

O comentário dela foi: “Ele é lindo, Aline!”

Começo a gostar muito da morena.

“Aline!” Falo só para mim.

Dois rapazes estão com elas, eu não me importo, vou para a água. Percebo que o grupo todo vem e ficam perto – quatro moças, dois rapazes.

Eles são do tipo grande e forte. Um deles chega bem perto de mim e me encara.

Quase dei risada, consegui me controlar a tempo e soltei um oi, as moças olhavam minha reação.

– Tá olhando o que, mermão? – Disse o rapaz.

Ele tinha os cabelos raspados e o nariz mostrava que tinha sido quebrado ao menos duas vezes, e a orelha direita parecia um repolho, típico dos que praticam artes marciais violentas. As tatuagens nos braços, ombros e peito serviam para intimidar os mais medrosos.

Eu o olho nos olhos, ele não gostou do que viu, se afasta e já não sorri. Está em dúvida. Olha para o amigo em busca de apoio, o outro se aproxima, não devo permitir que eles percebam o que eu sou de fato. Quase estraguei tudo. “Que imbecil!” Penso sobre mim mesmo.

– Desculpe. Falo e mergulho nas ondas, levanto do mergulho e os dois estão na minha frente.

Uma vontade quase incontida de encará-los, chego a pensar os movimentos para arrasá-los. Isso seria um erro, se fizer isso jamais passarei despercebido outra vez.

Me concentro e mostro repentinamente olhos amedrontados. Eles riem enquanto me retiro para a areia. Olho de relance na direção das moças, elas estão impassíveis. Creio que esperavam uma reação diferente de mim, talvez pelo meu tamanho e músculos.

Volto para meu guarda-sol e me sinto observado. Olho ao redor, conheço a sensação. Está do meu lado esquerdo, um moreno alto em pé, tomando sol. Ele olha tudo e a todos. Não há dúvidas, já vi o tipo em ação. É um predador! Ele tira os óculos escuros por alguns segundos e me olha nos olhos, retribuo com um breve aceno de cabeça. Ele esboça um sorriso. Nos sentamos! Cada qual em seu lugar.

O grupo passa e uma das moças está sorrindo muito, ela dá tchau para mim e eu levanto a mão instintivamente. Os caras não gostam.

Ela vem na minha direção e começamos a conversar, é ruiva, alegre, sorridente e de todas é a que tem o mais belo corpo, trocamos algumas palavras e ela pergunta meu número de telefone. Dei!

Camila me contou sua vida em cinco minutos. Tenho esse efeito nas pessoas, é meu sorriso! Creio eu.

Adoro mulheres ousadas, lembra Isaura, uma de minhas namoradas. Sorrio e antes de voltar para o grupo ela me beija.

Me pergunto se gostei dela – Sim.

Estou apaixonado outra vez. Minha nossa! Como estou volúvel hoje.

Algo me preocupa e em um segundo procuro o outro. Ele já não está ali, mas sinto seu olhar mesmo de longe. Ele é como um leopardo no território de caça do leão.

Resolvo ir para casa, arrumo minhas coisas e vou andando pela areia até o calçadão, um carro da polícia militar para. O policial salta e vem em minha direção. Seu sorriso é inconfundível, me abraça e me levanta do chão. Tio Arthur. Falamos por quase dez minutos no sol, o pobre homem parece derreter dentro da farda.

– Eu e a Júlia te esperamos pro almoço e não aceito não como resposta. Se vacilar mando uma viatura te pegar em casa e te levar.

 – Não é preciso, tio. – falo sorridente.

Minha mãe teve duas irmãs e dos seus maridos, tio Arthur é meu predileto.

– Vou sim! Chego pelas 13 horas.

Tarde em família, ótimo!

****

O dia de Fred Barcley começou tranquilo, olhou ao lado da cama e viu seu cão flufy ainda dormindo. Levantou-se, chamou pelo poodle que se sacolejou e foi atrás dele.

Tomou seu café junto com flufy, tinha feito seu planejamento para o domingo e pela manhã iria a praia. Tinha visto uma série de moças bonitas e verificaria se valeria a pena o investimento. Foi para o closet do apartamento e escolheu uma sunga apertada. Vestiu a peça e olhou-se no espelho, passou protetor solar no corpo, como se estivesse se acariciando, cada passada de mão era um prazer. Passou as mãos pelos cabelos baixos e verificou se o bigode e cavanhaque estavam bem-feitos. Os olhos azuis e seu corpo moreno de 1,86 metro de altura, para ele eram uma combinação perfeita.

Voltou à cozinha e anotou um recado para a “secretária” arrumar na manhã seguinte, foi para a sala e antes de abrir a porta mandou que flufy se deitasse no espaçoso sofá. Abriu a porta e foi para o hall enquanto esperava o elevador, colocou os óculos e foi para a praia.

Dessa vez resolveu ficar a quatro quadras de distância de seu prédio, queria ver mulheres diferentes.

Enquanto andava sentia os olhos das moças ávidas por ele e os olhares invejosos dos homens. Como elas resistiam a tentação de tocá-lo, beijá-lo, fazer amor com ele?

Não sabia.

Já na areia e depois de arrumar a cadeira e o guarda-sol ficou observando o que se passava ao redor. Já tinha visto possíveis transas por perto, duas turistas estrangeiras que não tiravam os olhos dele, uma mulher com uma criança mais perto da água que sorriu abertamente quando ele passou, um grupo de moças com dois rapazes e a garota com a mãe a menos de um metro dele.

“Deixe ver”, ele pensou. As gringas são transa fácil, é só chegar e arrastar, mas não, a questão de hotel poderia gerar complicações. A mulher com a criança era o mais difícil e hoje ele não queria dificuldades, estaria fora de sua zona de conforto. As garotas do grupo eram muito gatas, o problema era os rapazes. Certamente praticantes de alguma luta, mas isso não seria problema para ele. A garota com a mãe era o melhor investimento. Qualquer uma, a mãe teria uns trinta e poucos anos e a mina uns dezoito, no máximo.

Ficou observando o grupo por mais alguns momentos e viu que as moças observavam alguém do outro lado, riam e se alvoroçavam, deixando os rapazes fulos da vida. Foi aí que Fred o viu. Enquanto voltava da água, o cara parou e olhou em volta. Parecia pressentir que estava sendo observado. Fred ficou impressionado com seus instintos. “Seria um rival?”

O cara o encontrou rápido como um raio. Sem dúvidas era como Fred. Sem dúvidas um predador. Tirou os óculos e o olhou nos olhos, ele respondeu com um menear de cabeça em cumprimento que foi respondido imediatamente, Fred recolocou os óculos e se sentou. A garota com a mãe era o investimento certo.

Fred foi chegando aos poucos e depois de um tempo combinou um almoço no restaurante à beira da praia, disse que elas eram suas convidadas. Depois planejou levá-las ao seu apartamento de andar inteiro para passar a tarde. Se tudo desse certo…

****

– O que aconteceu que você está tão quieto, Farias?

Zeca Farias olhava pensativo a paisagem e aproveitava a brisa do mar no rosto durante o entardecer. Poucas pessoas ainda estavam no lugar, um grupo de rapazes jogando futevôlei, alguns casais andando à beira mar, algumas senhoras jogando cartas, nada que chamasse a atenção. Olhou Maldonado e viu o desanimo no rosto do colega. Não podia deixar as coisas desandarem, não agora que tinha a sensação de que estavam muito, muito perto do assassino conhecido como caçador noturno.

Levantou o braço e ficou olhando o garçom se aproximar.

– Traz uma cerva bem gelada e dois copos, gente boa. Deu um sorriso para Maldonado.

– Você não tem ideia do que acabou de me passar na cabeça.

Maldonado viu o brilho nos olhos do colega. Devia ser coisa boa.

– Sabe por que descobrimos tão rápido esse corpo? Tem ideia? Olhou para o companheiro rindo alto.

– Não! Não tenho a menor ideia. Falou Maldonado sinceramente.

– Simples! Porque ele queria que descobríssemos.

– Identificamos a denunciante, uma senhora de oitenta anos que acordou de madrugada e foi fumar na janela para não perturbar o marido. Ela o viu enterrando alguma coisa e nos chamou.

– Mas por quê?

– Talvez esteja mais doente do que imaginamos. Talvez esteja nos desafiando, talvez queira seu nome nos jornais, sei lá. Veja bem Chico, eu creio que ele matou mais do que cinco moças. Quantas eu não sei. O que sei no momento é que ele está jogando conosco. O que me preocupa é o que ele quer, afinal? Precisamos contar isso pro chefe, dá o telefone aí.

Enquanto Farias fazia a ligação para a celular de Melchior, Maldonado pensava nas possibilidades. Se conseguissem prender o cara ou mesmo pará-lo, alavancaria a carreira de todos. De repente animou-se bastante com a ideia.

– Então meu caro Farias vamos ficar de olho no quadrado da morte, vigilância ostensiva, em breve vamos acionar a armadilha e prender o nosso rato.

****

Qualquer outro homem no lugar de Fred Barcley estaria extremamente feliz, a sua tarde de domingo fora sucesso total.

Levou as mulheres para o almoço regado a vinho e depois foram para seu apartamento ver filmes e bebericar mais alguma coisa. A moça dormiu na sala e ele foi para o quarto de hóspedes e fez amor com a mãe, esperou um pouco e mais tarde fez o contrário fez amor com a garota na sala enquanto viam um filme romântico. Ao final da tarde desceu com as mulheres e as despachou contentes, de táxi, para a casa delas. Ao menos era o que ele pensava.

Se não estivessem também …

Ele não estava! Nem contente, muito menos satisfeito. Gostou das transas, elas eram muito gatas, donas de corpos maravilhosos, mas como sempre, lhe faltou algo. Não que ambas não lhes massageassem o ego, dizendo o quanto ele era maravilhoso, o quanto estavam encantadas com ele, mas lhe faltava algo, aquele algo a mais que ele só encontrava durante suas caçadas noturnas, durante seus assaltos sexuais.

Resolveu sair a noite, tinha uma pessoa em particular que ele observou e talvez essa fosse a noite certa para um encontro especial. Foi para a sala de televisão e começou a ver os filmes em que podia assistir seu desempenho durante o sexo, até perder o interesse minutos depois. Voltou ao quarto para se arrumar, escolher com cuidado as roupas para a aventura noturna.

****

Marcio chegou cedo em casa, sabia que os tios depois do almoço gostavam de um breve descanso, então no meio da tarde já estava deitado em sua cama, em casa, relembrando sua vida, sua arte. Isso era muito raro. Lembrava de todas as namoradas, desde Cleonice até Celina.

Estranho que os nomes de ambas começassem com a mesma letra. Quantas foram?

Não! Não interessa. Não mais.

A depressão o estava destruindo. Nem mesmo Celina o ajudou, a paixão morreu rapidamente, assim como ela.

Será? Será que foi tão simples assim?

Ela morreu em seus braços, e ele ficou com um sentimento estranho, remorso ou pena, seja lá o que fosse, nunca tinha acontecido antes.

– Sei o que sou! Disse em voz alta, fria e como sempre controlada, olhando para o teto de seu quarto pintado em forma de basílica.

– Monstros não têm sentimentos. Falou em voz alta. Naquele instante olhava-se no espelho em frente à cama.

– O que deu errado com Celina? Perguntou-se.

A vi pela primeira vez na saída de um curso de inglês, ela vestia calças jeans, tamancos vermelhos e blusa branca bastante simples, os cabelos negros soltos davam-lhe um ar de seriedade apesar do sorriso de menina. Apaixonei-me na hora. Segui-a até sua casa.

 Antes de entrar me pareceu que ela olhou em minha direção. Impossível!

Em geral descubro mais de uma moça e além de Celina, segui uma vizinha há alguns dias. Entretanto a paixão por ela foi fulminante.

Nos dois dias seguintes acompanhei-a de perto em todos os lugares que ela foi. Decidi que a queria e isso tinha que ocorrer o mais rápido possível, nunca tinha acontecido antes com essa rapidez, em geral as observava por um período de sete a dez dias. Às vezes mais.

Estava decidido, fui até o refúgio número dois e busquei a van escura, preparei o lugar para ela com todo o cuidado e carinho. Já havia arrumado o local da captura, desligado as câmeras de TV e travado as portas de segurança que levavam à garagem, providenciado para que naquela ocasião, ninguém estivesse lá. Esperei o momento certo para buscá-la.

Aconteceu no dia seguinte, no elevador. Fiquei esperando no curso, junto com diversas pessoas e quando saiu desci com ela marquei o térreo e a imobilizei aplicando-lhe um lenço com éter no rosto. Ela lutou bravamente, mas diante do anestésico nada adiantou, levei-a até a van e fui para o refúgio.

Ao contrário de minhas outras namoradas Celina não acordou, ao menos não completamente e não arrisquei colocá-la no quarto seguro. Ela ficou na minha cama nos dois primeiros dias até eu notar que seus períodos de sono eram cada vez mais longos, ela dormiu 24 horas direto no quarto dia, aquilo não era normal.

Fui ao refúgio quatro apanhar algumas roupas femininas que havia comprado para ela e ao voltar encontrei-a no chão do quarto respirando com dificuldade. Deitei-a na cama e fiquei sentado ao seu lado. Pela primeira vez ela abriu os olhos, vendo meu rosto.

Peguei-a no colo com a firme intenção de levá-la a um hospital, estranhamente ela pediu para ficar. Sentei-me, com ela em meu colo, e fiquei segurando sua mão por alguns minutos, até que ela se foi.

Ainda fiquei vários minutos com ela ao meu lado, um amor não acontecido. Não queria que ela simplesmente desaparecesse. Minhas namoradas não eram descartadas em qualquer lugar, apenas duas eu havia usado para me comunicar com a polícia, para avisar do perigo que eu representava.

Sabia que aquele ponto do bairro era dos mais vigiados e mesmo assim fui ao terreno baldio, arriscando tudo. Esperei que ao menos duas pessoas me vissem antes de deixá-la. Aqueles malditos usaram uma bobcat para achá-la, incompetentes.

Já me sinto melhor. Rememorar é sempre bom. Agora sei do que preciso, vou voltar a ver minha amiga. Quem sabe um novo amor resolveria.

Hoje vou encontrar Aline, ver como ela está. Talvez se a tivesse escolhido… Vou me preparar.

****

O delegado Melchior já estava guardando suas coisas para ir embora, tomava um Milk Shake de morango enquanto via as notícias internacionais no tablet quando Farias entrou rápido na sala.

– Chefe! Acabaram de ligar no disque denuncia dizendo que tem um homem estranho vestido de preto, rondando um prédio aqui na nossa área. Tem algo me dizendo que é o nosso homem.

Melchior quase se engasgou com a notícia. Tinha que tomar uma decisão rápida, a probabilidade de não ser nada era grande, poderia ser apenas um pedinte procurando um lugar para dormir, para fugir do relento, ou ainda um segurança andando a noite tomando conta de algum condomínio, eram tantas as possibilidades.

Contudo, também poderia ser o caçador noturno, a senhora que havia denunciado o enterro do corpo viu um homem vestido de preto e que havia fugido em uma van escura. Resolveu tentar.

– Chama o pessoal Farias. Vai que esta é nossa noite de sorte.

****

Paro a ninja negra de 1000 cilindradas em um lugar onde a luz dos postes não a alcança, a cerca de cem metros do prédio da moça e do meu, desligo a moto, tiro o capacete, colocando-o no retrovisor direito e fico observando.

Pouco depois um doblo escuro para na entrada de uma das garagens. O motorista não sai do carro e isto me chama a atenção. De onde está estacionado, o motorista do doblo não tem como me ver. Retiro a balaclava e a coloco calmamente dentro do capacete.

Cerca de quinze minutos depois um carro esporte para na frente do prédio. Aline e o namorado, o da orelha de repolho, saem rindo alto de alguma coisa. Caminho nas sombras até ficar o mais perto possível, sem que nem eles e nem o cara do doblo me vejam e me recolho de novo na escuridão.

Rápido como um raio o motorista do doblo sai do carro, mas os instintos de lutador do garoto impedem que ele seja pego desprevenido, ele se vira e se coloca entre o intruso e Aline.

A luta que se segue é rápida, mesmo sendo bom em luta corporal o garoto não é páreo para um especialista, três golpes bastaram para derrubá-lo.

Aline corre e tenta entrar no prédio onde morava, mas não tem ninguém na portaria, seu chaveiro cai no chão devido ao nervosismo e ela não consegue achar. Ela já percebeu que é o alvo.

O intruso está em cima dela, rasga sua blusa e a arrasta na direção do doblo que está com a porta aberta, ela grita por socorro. O namorado não tinha desistido ainda e contra-ataca o intruso, jogando-o ao chão e caindo também. Vejo que o intruso usa mais de uma técnica em arte marcial, e mesmo caído chuta o rosto do rapaz que desmaia.

O tempo foi suficiente para que Aline conseguisse correr na direção do meu prédio. Infelizmente o porteiro da noite também não está em seu posto, afinal passa pouco da meia-noite. Ela tenta voltar e entrar em seu prédio pela porta da garagem.

Bate no portão e grita por socorro. Tarde demais, o intruso já a alcançou e com a excitação da luta e da perseguição ele a agride e rasga sua calça deixando-a nua da cintura para baixo.

Respiro fundo, percebo que ninguém escutou, ninguém virá ajudá-la. Atravesso a rua deserta e piso na calçada ainda a tempo de ver o intruso com a boca entre suas nádegas.

– Ei! Grito.

Ele me olha. Nos reconhecemos na hora.

Seu rosto está transtornado, parece um animal selvagem, descontrolado. Ele parte para agressão, karatê.

Trocamos alguns golpes, tento acertar sua garganta, mas ele se defende bem e me acerta a sobrancelha. Consigo acertar-lhe a boca de raspão, ele se afasta e muda de estilo, muay thai agora.

A luta continua, ele me acerta algumas vezes e eu o acerto outras. Um pensamento rápido me passa pela mente, em um segundo relembro de uma luta que vi na TV entre dois leões por uma presa.

Ele se abaixa e tira de seu tornozelo uma pequena faca, dou um passo atrás e faço o mesmo, a minha está presa no antebraço esquerdo. A luta é rápida com movimentos de ataque e defesa, eu o acerto primeiro e logo ele revida.

Aline ainda tonta com o soco, tenta sair da saída de garagem, ele se afasta de mim um passo e a empurra, fazendo com que ela caia de lado.

Meus olhos se cruzam com os dela, sua boca se abre em sinal de reconhecimento, mas não fala nada, apenas observa a luta. Creio que naquele momento ela reza para que eu vença.

Sirenes e rotolights agora são ouvidas muito próximos, em questão de segundos os policiais estarão ali.

O intruso tenta correr na direção do doblo, sabe que sua única chance é fugir.

Infelizmente, não sei o porquê, não posso permitir. Me atraco com ele outra vez, as sirenes estão praticamente em cima de nós, ele me derruba e retira da cintura uma pistola 380 e começa o movimento de apontá-la para mim.

Ouço gritos, reconheço os de Aline e de vários homens relativamente perto. Estou tão concentrado no inimigo que não consigo vê-los. Instintivamente, chuto seu tornozelo esquerdo que se quebra na hora. Ele, possivelmente atordoado pela dor, aciona o gatilho, disparando a arma na direção dos vários policiais que, a poucos metros de distância, atiram contra ele.

Um silêncio acontece.  Dá três passos cambaleantes de lado indo em direção ao carro, mas cai no caminho. Os olhos dele agora estão voltados para mim. Ele me parece confuso. Questionam… por quê?

Apenas olho em direção a Aline e ele sabe a resposta.

A vida e o tempo parecem voltar ao normal. Ainda vejo Aline chorando do outro lado da rua. Ela se levanta e corre, seminua, na direção de seu namorado que está desacordado em frente à entrada do prédio. Ela foi na direção contrária de onde estou, sendo seguida por vários policiais. Com isso tive tempo de me arrastar até bem perto da portaria do prédio onde moro. Diversas pessoas se aglomeraram na rua, levanto rápido e me misturo com os curiosos, vou na direção da entrada do edifício onde moro. Vejo finalmente o porteiro que está na beira da calçada, passo por ele e pergunto o que aconteceu ali.

– Sei não seu Marcio, disse o homem sem olhar para mim. Tentaram agarrar a menina do prédio da frente e a polícia meteu bala no cara.

****

As manchetes do jornal no dia seguinte informam que o assassino conhecido como caçador noturno tinha sido morto pela polícia.

Tenho que andar com cuidado, pois o ferimento a faca no meu abdome ainda dói bastante, isto sem contar minhas mãos machucadas pela troca de golpes e uma mancha vermelha de sangue no olho esquerdo.

Tomo meu café em casa mesmo, ligo para minha loja e digo que não trabalharei nos próximos dias devido a uma forte dor intestinal. O que não deixa de ser verdade.

Ninguém me procurou, significa que Aline não falou sobre mim em seu depoimento e não me viram perto do predador.

Tia Júlia me ligou ao menos dez vezes nesta manhã, querendo saber se estou bem, se eu tinha visto o que aconteceu, digo a ela que quando cheguei em casa os policiais já haviam matado o homem após a troca de tiros.

Falo para ela que penso em me mudar dali, afinal… a violência chegou mesmo no bairro.

Um conto de Swylmar Ferreira                                               em 04 de março de 2014. Revisão em 14 de setembro 2025.

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Publicado em 16 de setembro de 2025 por em Contos.

A saga de um andarilho pelas estrelas

DIVULGAÇÃO A pedido do autor Dan Balan. Sinopse do livro. Utopia pós-moderna, “A saga de um andarilho pelas estrelas” conta a história de um homem que abandona a Terra e viaja pelas estrelas, onde conhece civilizações extraordinárias. Mas o universo guarda infinitas surpresas e alguns planetas podem ser muito perigosos. O enredo é repleto de momentos cômicos e desconcertantes que acabam por inspirar reflexões sobre a vida e a existência. O livro é escrito em prosa em dez capítulos. Oito sonetos também acompanham a narrativa. (Editora Multifoco) Disponível no site da Livraria Cultura, Livraria da Travessa, Editora Multifoco. Andarilho da estrela cintilante Por onde vai sozinho em pensamento, Fugindo dessa terra de tormento, Sem paradeiro certo, triste errante? E procurar o que no firmamento, Que aqui não encontrou sonho distante Nenhum outro arrojado viajante? Volta! Nada se perde com o tempo... “Felicidade quis, sim, encontrar Nesse vasto universo, de numerosas, Infinitas estrelas, não hei de errar! Mas ilusão desfez-se em nebulosas, Tão longe descobri tarde demais: Meu amor deste lugar partiu jamais!”

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Bom dia.
Aproveito este espaço para divulgar o livro da escritora Melissa Tobias: A Realidade de Madhu.

- Sinopse -

Neste surpreendente romance de ficção científica, Madhu é abduzida por uma nave intergaláctica. A bordo da colossal nave alienígena fará amizade com uma bizarra híbrida, conhecerá um androide que vai abalar seu coração e aprenderá lições que mudará sua vida para sempre.
Madhu é uma Semente Estelar e terá que semear a Terra para gerar uma Nova Realidade que substituirá a ilusória realidade criada por Lúcifer. Porém, a missão não será fácil, já que Marduk, a personificação de Lúcifer na Via Láctea, com a ajuda de seus fiéis sentinelas reptilianos, farão de tudo para não deixar a Nova Realidade florescer.
Madhu terá que tomar uma difícil decisão. E aprenderá a usar seu poder sombrio em benefício da Luz.

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Oi pessoal, o site EntreContos - Literatura Fantástica - promove novos desafios, com tema variados sendo uma excelente oportunidade de leitura. Boa sorte e boa leitura.

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